O perfeito entendimento de que analisar é dividir em partes alguma coisa,
visando a conhecê-la e buscar esclarecimentos sobre como se comporta,
nem sempre tem prevalecido em matéria de estudos contábeis para
decisões gerenciais.
O que mais deveria ser requerido e que é o observar as correlações
pertinentes das parcelas com o todo, objetivando um sentido amplo de exame,
buscando obter julgamentos, fica ás vezes, na periferia.
Necessário, pois, é a escolha de um método de qualidade,
quando o que se visa é o conhecimento da realidade, esta que é
o apanágio do mundo científico, sendo o de maior adequação
o sugerido pelo holismo (hoje agasalhado pela doutrina do Neopatrimonialismo
Contábil).
Nem sempre é na sofisticação que se vai encontrar o meio
para combinar as informações egressas das classificações
técnicas dos fatos patrimoniais.
Só no fundamento lógico é que se pode encontrar solução
para tal trabalho.
A literatura doutrinária da Contabilidade oferece recursos indagados
por insignes estudiosos, lamentavelmente nem todos divulgados convenientemente.
O modismo anglo-saxônio parece ter assumido caráter de Bíblia
para alguns profissionais e isso tem prejudicado, sensivelmente, apreciar o
que de valor intelectual real se produziu.
Quando a metodologia dos “quocientes” começou a divulgar-se
no início do século XX nos Estados Unidos, como processo de análise,
já tinha traçado a mesma uma longa trajetória no tempo.
Em 1840 Francesco Villa já tratava de correlações a serem
observadas como condições de prosperidade.
A adoção do procedimento quase um século depois, com maior
intensidade, teve como aceitação de maior emprego o fato da facilidade
no uso, mas, lamentavelmente, ainda sem uma visão holística.
Tal como na Lógica, na Matemática, em Contabilidade o quociente
é a expressão de relação entre coisas ou acontecimentos,
no caso desta, as de referir-se a fenômenos ou grupo de fenômenos
da riqueza individualizada.
O exame isolado, sem uma visão de campo, sem que este se compare com
o cosmos onde o mesmo se situa e a natureza das influências dos agentes
que promovem os movimentos, tolhe o ensejo de uma opinião global.
O universo que é o capital não permite isolamento de estudo, senão
como instrumento para a formação de uma idéia global.
Ou seja, a análise é um critério de exame de estudo de
partes, mas estas não podem ser tomadas como sendo o todo e a opinião
que ensejam a elas deve limitar-se.
Os conceitos de “Quociente de Liquidez”, “Quociente de Rentabilidade”
(relações de capacidade de pagamento e capacidade lucrativa) etc.
utilizados com freqüência, incorporados ao vocabulário tecnológico,
são expressões de parcelas, e, quando tomadas como absolutas,
conduzem a entendimentos falsos.
O critério de análise baseado nesses dois fatores de relações,
quando se limita apenas a estas, é incompetente para um julgamento sobre
a situação geral da empresa.
Não se nega a importância de tais elementos, apenas não
é aceitável que sejam entendidos como fatores exclusivos de julgamentos.
A observação isolada de valores (para obter uma idéia de
participação relativa) oferece uma primeira idéia, possui
relativa utilidade, mas, jamais, terá condições de emissão
de uma opinião plena e segura quanto ao comportamento patrimonial total
de um empreendimento.
As relações a serem analisadas devem ser abrangentes; precisam
compreender razões de ordem essencial, dimensional e dos entornos ou
ambientes da riqueza, aplicáveis a todos os sistemas de funções
desta (que entendo sejam oito), pois, só assim, possibilitam um julgamento
amplo.
A justificativa de tal procedimento está na necessidade da aplicação
dos postulados da Teoria do Fenômeno Patrimonial (que envolve a teoria
dos sistemas de funções), ou ainda, para que uma análise
possa deveras gerar uma opinião competente sobre a situação
de uma empresa ou instituição precisa ter caráter holístico.
Não são raros os casos práticos de dificuldades derivadas
de análises superficiais, limitadas a relações apenas restritas
a alguns elementos do complexo universo das empresas e instituições.
A quantidade de variáveis que existe em cada movimento do patrimônio
é grande demais para que possa ensejar julgamento global através
de poucos elementos.
As relações lógicas relativas aos fenômenos da riqueza
precisam ser todas enfocadas nos estudos de fatos relevantes e mesmo naqueles
julgados menores (mas capazes de ensejar graves incidências de ineficácia)
para que ofereçam elementos para opinar.
Imprescindível se faz objetivar como ponto central o estudo da eficácia,
e, como meta final, a prosperidade (esta como um resultado da eficácia
constante, de tendência contínua), demandando isto o exame de todos
os sistemas de função da riqueza.
Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br
Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.